O atual mecanismo de incentivo fiscal federal, a Lei Rouanet, e o
Projeto de Lei (PL) Procultura, que se encontra na Comissão de Finanças e
Tributação da Câmara dos Deputados, foram temas de mais um debate com a
classe artística.
Desta vez, o encontro foi realizado na capital pernambucana, com a
condução do deputado federal Pedro Eugênio, o atual relator do PL, e a
participação do secretário de Fomento e Incentivo à Cultura (Sefic),
Henilton Menezes, do Ministério da Cultura (MinC).
O debate, que se deu ontem (13) à noite, foi uma parceria da Fundação
Joaquim Nabuco e do Instituto Delta Zero, com apoio da Representação
Regional do MinC no Nordeste. Intitulado de “Cultura e Debate”, o
encontro reuniu cerca de 200 pessoas.
Em sua fala, o secretário Henilton Menezes abordou o cenário da atual
legislação, a Lei Rouanet, com seus 20 anos de funcionamento, e as
contribuições do MinC ao PL Procultura. Para isso, fez um balanço sobre
como a Lei Rouanet foi elaborada e é operada hoje, tratando, sobretudo,
sobre os três mecanismos: Fundo Nacional da Cultura (FNC), renúncia
fiscal e Fundo de Investimento Cultural e Artístico (Ficart).
Henilton Menezes apresentou também o funcionamento do Programa
Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), as instâncias de tramitação dos
projetos, os índices de aproveitamento entre o que é aprovado e captado,
os contextos culturais das regiões brasileiras, o que mudou com os 20
anos de Lei e os principais desafios do incentivo federal. “Temos que
conhecer, na prática, a operacionalização do mecanismo, para que
possamos entender as propostas de mudanças contidas no texto
substitutivo”, disse.
De acordo com o secretário do MinC, o texto substitutivo do PL
Procultura traz a possibilidade de um aumento de recursos para a cultura
brasileira e indução da distribuição mais equilibrada entre as regiões
do País, corrigindo contradições do atual modelo. “O fortalecimento do
Fundo Nacional da Cultura no PL é fundamental para que o sistema de financiamento da cultura brasileira possa se complementar e avançar”.
Um maior equilíbrio entre os mecanismos de renúncia fiscal e FNC e a
efetiva implementação dos Ficarts, com incentivo ao empreendedorismo,
foi um dos principais pontos reforçados pelo deputado Pedro Eugênio em
sua apresentação. “Os recursos do Fundo devem ser ampliados para R$ 900
milhões, com correção anual de acordo com a inflação”, afirmou o
deputado, que também abordou os pontos da nova versão do texto, os objetivos e os desafios do Projeto de Lei.
Ampliar, desconcentrar e democratizar
De acordo com o deputado, além do fortalecimento do Fundo Nacional de
Cultura, os objetivos do PL constituem em ampliar os recursos para o
setor, ter a participação social na gestão do Procultura, democratizar o
acesso e desconcentrar os recursos, sendo este o principal desafio.
“Uma das ferramentas de desconcentração no PL está no estabelecimento
de territórios certificados, de forma a induzir os empresários a
investir em regiões que mais precisam de incentivo fiscal para seu
desenvolvimento”, disse o deputado.
Também foi apontada a transferência de 80% dos recursos adicionais da
renúncia transferidos ao FNC, fundo a fundo, a estados, Distrito
Federal (DF) e municípios; e a transferência de, pelo menos, 30% dos
recursos do FNC para estados e DF, desde que tenham fundo, conselho e
plano, indo 50% desses recursos para municípios.
Por último, foi apontada como forma de desconcentração presente na
nova versão o estabelecimento mínimo de 10% dos recursos do FNC para as
regiões, sendo o percentual para cada estado de acordo com a proporção
da participação da população daquele estado no país, mas repeitando o
limite de 2% por estado.
Ou seja, uma série de ações desconcentradoras, possibilitando que os
recursos sejam melhor distribuídos pelo País, com conceitos de políticas
públicas, de acordo com o Plano Nacional da Cultura.
Já como formas de democratização do acesso, o deputado Pedro Eugênio
apontou a possibilidade de ter 100% do valor do projeto financiando com
recursos da renúncia fiscal para todas as manifestações culturais,
mediante critérios objetivos, bem como a garantia de 100% para
produtores independentes, produtores de pequeno porte, restauro de bens e
obras de arte tombadas, corpos estáveis artísticos estáveis e
cooperativas de produtores independentes ou de pequeno porte.
Outra forma de democratizar o acesso está na definição de critérios
de pontuação que definirão o percentual de renúncia fiscal, antes de o
projeto ser autorizado a captar recursos pelo mecenato, nas quais a
acessibilidade física e social será ponto importante.
“Também temos a inclusão da economia criativa no conjunto de
atividades que compõem o campo de abrangência da política nacional de
financiamento à cultura e a instituição dos prêmios da Cultura Brasileira, do Teatro Brasileiro e Mambembe de Dança”, completou Pedro Eugênio.
Tanto para a democratização do acesso como para a desconcentração da
utilização do mecanismo, o Ministério da Cultura está identificando e
apontando questões que podem ser aperfeiçoadas, assim como se colocando à
disposição para subsidiar a Câmara no que for necessário para o
aprimoramento, principalmente quanto ao aperfeiçoamento do sistema de
pontuação na avaliação dos projetos para a definição das faixas de
renúncia, a fim de garantir que todos os segmentos culturais sejam
contemplados.
Construção e participação
Para assumir o formato no qual se encontra, o Projeto de Lei
Procultura passou por diversos fóruns de debates, antes e depois de
entrar no Congresso Nacional. A iniciativa do aprimoramento do mecanismo
de financiamento à cultura partiu do Executivo, ainda no governo do
presidente Lula. Após debates e audiências públicas em todo o país, foi
apresentada uma proposta ao Parlamento, já tendo passado pela Comissão
de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, com a relatoria da
deputada federal Alice Portugal.
Na Comissão de Finanças e Tributação no qual se encontra, o PL foi
pauta de audiência pública em Belém, que teve como principal pauta a
discussão do custo amazônico; em Brasília, oportunidade em que foi
destacado como imprescindível ouvir não apenas as entidades
representativas do meio cultural, mas também o Conselho Nacional de
Políticas Culturais, a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura, o
Iphan, o Ibram e os Ministérios da Cultura, da Fazenda e do
Planejamento, a fim de que cada um, em sua área de responsabilidade
pudesse contribuir com o PL; em São Paulo, com discussão já desta nova
versão do texto; em Belo Horizonte, no Programa Sempre Um Papo; e no Rio
de Janeiro, dentro da Universidade Cândido Mendes, todas com a
participação do Ministério da Cultura.
Atualmente, está sendo avaliado o estudo de impacto financeiro das
modificações que o projeto traz, feito pelo Ministério da Fazenda. “É um
projeto prioritário do Governo, mas a sociedade tem que sem envolver.
As pessoas têm que estar atentas. Leiam, conversem, discutam, verifiquem
se estamos ou não avançando, se engajem, para que possamos aprovar o
mais rápido possível”, enfatizou o deputado Pedro Eugênio.
Para a diretora de Memória, Educação, Cultura e Arte da Fundação
Joaquim Nabuco, Silvana Meireles, a discussão é fundamental,
principalmente para oNordeste. “O Procultura é resultado de muitas
discussões. Agora é a hora de participarmos desse debate, sobretudo com o
olhar para as nossas necessidades, para que possamos corrigir os
números de captação na nossa região e fortalecer o FNC, com um maior
equilíbrio dos mecanismos”, disse.
O chefe da Representação do MinC no Nordeste, Fábio Lima, colocou a
Representação Regional à disposição. “Muito daquilo que a gente produz e
disponibiliza para a sociedade brasileira é viabilizado pelo incentivo
fiscal. É um passo fundamental para potencializar as ações. A Regional
está aqui para ouvir as sugestões e contribuir para aprimorar”, afirmou.
Também participaram da mesa de debate o secretário executivo Beto
Silva, da Secretaria de Cultura do Estado, e a diretora executiva do
Instituto Delta Zero, Tarciana Portela. “É o momento de nos
atualizarmos, para que possamos nos apoderar e mobilizar, juntando-se
aos parceiros aqui presentes e tendo a cultura como essencial para o
desenvolvimento”, disse Tarciana Portela.
Texto substitutivo
Download > Apresentação ProCultura
Fonte – (MinC http://bit.ly/OWX27T)
Texto
- Caroline Borralho (Sefic/MinC)
Fotos 1 e 2
- Fernando Alves
Fonte: Site do Instituto Delta Zero : http://www.deltazero.org.br/?p=1649
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