segunda-feira, 17 de junho de 2019

Espatódea, Gineceu, Cor de Pólen e paternidade de filha


            

"Não sei se esse mundo está são
Mas pro mundo que eu vim já não era"




 Nando Reis e sua filha Zoé

Flor da Espatódea

Foto ampliada de pólens
           
            Ter filhos é uma responsabilidade transcendente. São muitos sentimentos envolvidos. Amor incondicional. Estado poético  em sua plenitude. São muitas formas de exprimir este apego. Um beijo, um cheiro, um abraço quase infinito. Mas, não tem forma mais peculiar do que escrever uma música para a sua prole. Foi o que o Nando Reis se propôs com a música Espatódea. É de uma beleza impactante e singular.  Uma dulcíssima delicadeza no cumprimento efetivo do seu amor de pai. Ele a fez para Zoé, em 2006, sua filhinha. Mas, quem ouve e é também pai, se sente um pouco dono. E se emociona pelo estado feliz da paternidade. Nas responsabilidades infinitas e no carinho incondicional. "Não sei se o mundo é bom, mas ele ficou melhor", diz o trecho da música. Sempre fica. Quando você se propõe a ser pai. O universo te mune de poderes inexplicáveis e de uma força inexplicável para transformar a sua realidade. De tal modo que tens energia suficiente para se manter e existir e para cuidar de seus filhos. Mesmo no caos em que sobrevivemos.
            A música é referência à canção "O mundo é bão, Sebastião", gravado por Nando em 2005, no seu disco MTV ao vivo em homenagem a seu filho Sebastião.
            A Zoé é uma linda menina ruiva, e esta interpelou seu pai quando este estava gravando seu disco de 2006, estando esta ainda com cinco aninhos. E perguntou. _ Pai, quando você vai fazer uma música, "o mundo é bão zoezinha"? Daí que talvez o seu pai não teve saída, compôs e inseriu nesta canção o nome da espatódea, (Spathodea campanulata), uma belíssima árvore frondosa que pode chegar de 7 a 25 metros de altura, nativa da África Tropical.            Também é chamada de bisnagueira, tulipeira-do-gabão, xixi-de-macaco, tulipeiro da África ou chama-da-floresta. É produtora de flores campanuladas maravilhosamente belas nas cores vermelho-alaranjadas, rubras, ou mais raramente amarelas. Ao mesmo tempo em que há bastante crítica com relação a sua toxidade. Tais flores tem a possibilidade de matar abelhas. Em algumas destas, poderemos ver alguns destes insetos polinizadores mortos dentro delas. Algumas prefeituras proíbem o seu plantio.
            Fiquei mais tranquilo com a declaração de Luiz Fernando de Andrade Figueiredo do Centro de Estudos Ornitológicos que diz que, não é verdade que o néctar da espatódea mata aves, apesar de conter um alcalóide alucinógeno. Talvez por isso que se veja alguns periquitos fazendo algazarras em cima delas.
            Eu tenho uma lembrança feliz com estas flores. Elas tem umas estruturas que ficam cheinhas de um líquido, o botão floral. E quando você corta a ponta. Vira uma pistolinha de água. Imagina isso, na década de oitenta, a maioria de nossas brincadeiras eram na rua. Guerra de aguinha tóxica dessas plantas. Alguns jatos acertavam nossos olhos. E como ardia. Porém não ficávamos cegos. Talvez por isso que ela também é chamada de xixi de macaco.
            Gineceu é a parte feminina das plantas. Quem é pai de menina sabe. Nunca mais você será o mesmo. Seu machismo, sua brutalidade, seu extremo rigor, desfalecem frente a delicadeza do sorriso de nossas gurias. De vez em quando elas querem pintar até as suas unhas. A alma já colorem assim que nascem.
            Qual a cor dos pólens?. Sei lá. Sempre quando reparo. Vejo minúsculos grãos amarelados. Mas pesquisando melhor, veremos que eles podem ser de muitas cores. Assim como a diversidade humana e suas possibilidades infinitas no poder da criação e da multiplicação de nossas vidas. Evoé!



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