sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

O Silêncio que Grita: A História de Ulisses de Menezes Freitas e os Horrores da Ditadura Militar


                                            Fonte da imagem: Criação IA Gemini. 



Guarabira (PB) - Em meio aos ecos silenciosos de um passado sombrio, a história de Ulisses de Menezes Freitas emerge como um doloroso lembrete dos horrores vividos durante a ditadura militar no Brasil. Funcionário público federal, pai de onze filhos e leitor ávido, Ulisses teve sua vida abruptamente interrompida em maio de 1964, quando foi preso em plena luz do dia, em Guarabira, Paraíba.

O doloroso relato da viúva de Ulisses, presente em documentos da época, revela a brutalidade e a arbitrariedade do regime militar. Ulisses, que trabalhava no Departamento de Classificação de Produtos Agropecuários do Ministério da Agricultura, foi detido por suas convicções políticas e por possuir livros considerados "subversivos". A prisão, que durou aproximadamente dois meses, foi marcada por tortura psicológica, incomunicabilidade e transferências secretas para diferentes cadeias, culminando em um interrogatório no 15º Regimento de Infantaria, em João Pessoa, sob o comando do temido Cel. Ney de Aquino.

A família de Ulisses, especialmente sua esposa e seus dez filhos menores na, época, foi lançada em um abismo de terror, provação e incerteza. A viúva, grávida do 11º filho, enfrentou sozinha a luta pela sobrevivência, sem qualquer amparo financeiro. O medo e a angústia se intensificavam com as notícias de outros militantes e simpatizantes da oposição que eram presos e desapareciam sem deixar rastro.

A história de Ulisses de Menezes Freitas é apenas uma entre tantas outras que clamam por justiça e reparação. Seu caso nos lembra da importância de mantermos viva a memória daqueles que lutaram pela democracia e que foram perseguidos e silenciados pela violência do Estado. É preciso que as novas gerações conheçam esse capítulo sombrio e perverso da nossa história para que os erros do passado jamais se repitam.

A busca por justiça:

A família de Ulisses de Menezes Freitas busca, até hoje, o justo reconhecimento oficial da prisão e tortura sofridas por ele, bem como a reparação pelos danos causados pelo regime militar. O caso está sendo analisado pela Comissão Nacional da Verdade, que investiga as violações de direitos humanos ocorridas durante a ditadura.

O legado de Ulisses:

Apesar da dor e do sofrimento, a história de Ulisses de Menezes Freitas inspira a luta pela liberdade e pela justiça. Seu legado nos convida a refletir sobre a fundamental importância da democracia e da defesa dos direitos humanos.

A história de Ulisses de Menezes Freitas não é um caso isolado. Em Guarabira, assim como em todo o Brasil, a ditadura militar impôs um regime de terror e perseguição àqueles que se opunham ao regime. José Deodato Galdino, administrador da Fazenda Milham, também foi vítima da repressão.

O relato de sua viúva revela que, em abril de 1964, a cidade de Guarabira foi tomada por um clima de terror. O comércio foi paralisado e diversas prisões foram efetuadas, incluindo a de José Deodato. Os presos foram levados para a Delegacia de Sapé, onde foram submetidos a interrogatórios e torturas.

A perseguição não se limitava aos militantes políticos. Familiares e amigos também eram alvos da repressão, como forma de pressionar e intimidar os opositores do regime. A viúva de Ulisses relata que sua casa foi invadida diversas vezes por "pesquisadores" que buscavam provas do envolvimento de seu marido com o Partido Comunista.

A pressão psicológica era uma arma poderosa da ditadura. A constante vigilância, as ameaças e a incerteza sobre o paradeiro dos presos geravam um clima de terror que se estendia a toda a comunidade. A viúva de Ulisses descreve o sofrimento de seus filhos, que foram privados da presença do pai e tiveram suas vidas drasticamente alteradas.

A luta pela memória e justiça:

As histórias de Ulisses de Menezes Freitas e José Deodato Galdino são exemplos da brutalidade da ditadura militar. Seus relatos, assim como os de milhares de outras vítimas, clamam por justiça e reparação. É preciso que a sociedade brasileira conheça a fundo esse período sombrio da nossa história para que os erros do passado não se repitam.

A Comissão Nacional da Verdade, criada em 2012, teve um papel fundamental na investigação das violações de direitos humanos ocorridas durante a ditadura. Seus relatórios e documentos ajudaram a trazer à tona a verdade sobre os crimes do regime militar.

No entanto, a luta pela memória e justiça ainda não acabou. É preciso que o Estado brasileiro continue investigando e punindo os responsáveis pelas torturas, mortes e desaparecimentos ocorridos durante a ditadura. Bem como revisar possíveis honrarias e homenagens de criminosos estatais da época. É preciso que as novas gerações conheçam a fundo esse período sórdido da nossa história para que a democracia seja sempre defendida e preservada sobre toda e quaisquer situação.


Texto original:


 


 

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