Guarabira
(PB) - Em meio aos ecos
silenciosos de um passado sombrio, a história de Ulisses de Menezes Freitas
emerge como um doloroso lembrete dos horrores vividos durante a ditadura
militar no Brasil. Funcionário público federal, pai de onze filhos e leitor
ávido, Ulisses teve sua vida abruptamente interrompida em maio de 1964, quando
foi preso em plena luz do dia, em Guarabira, Paraíba.
O doloroso relato
da viúva de Ulisses, presente em documentos da época, revela a brutalidade e a
arbitrariedade do regime militar. Ulisses, que trabalhava no Departamento de
Classificação de Produtos Agropecuários do Ministério da Agricultura, foi
detido por suas convicções políticas e por possuir livros considerados
"subversivos". A prisão, que durou aproximadamente dois meses, foi
marcada por tortura psicológica, incomunicabilidade e transferências secretas para
diferentes cadeias, culminando em um interrogatório no 15º Regimento de
Infantaria, em João Pessoa, sob o comando do temido Cel. Ney de Aquino.
A família
de Ulisses, especialmente sua esposa e seus dez filhos menores na, época, foi
lançada em um abismo de terror, provação e incerteza. A viúva, grávida do 11º
filho, enfrentou sozinha a luta pela sobrevivência, sem qualquer amparo
financeiro. O medo e a angústia se intensificavam com as notícias de outros
militantes e simpatizantes da oposição que eram presos e desapareciam sem
deixar rastro.
A história
de Ulisses de Menezes Freitas é apenas uma entre tantas outras que clamam por
justiça e reparação. Seu caso nos lembra da importância de mantermos viva a
memória daqueles que lutaram pela democracia e que foram perseguidos e
silenciados pela violência do Estado. É preciso que as novas gerações conheçam
esse capítulo sombrio e perverso da nossa história para que os erros do passado
jamais se repitam.
A busca por
justiça:
A família
de Ulisses de Menezes Freitas busca, até hoje, o justo reconhecimento oficial
da prisão e tortura sofridas por ele, bem como a reparação pelos danos causados
pelo regime militar. O caso está sendo analisado pela Comissão Nacional da
Verdade, que investiga as violações de direitos humanos ocorridas durante a
ditadura.
O legado de
Ulisses:
Apesar da
dor e do sofrimento, a história de Ulisses de Menezes Freitas inspira a luta
pela liberdade e pela justiça. Seu legado nos convida a refletir sobre a fundamental
importância da democracia e da defesa dos direitos humanos.
A história
de Ulisses de Menezes Freitas não é um caso isolado. Em Guarabira, assim como
em todo o Brasil, a ditadura militar impôs um regime de terror e perseguição
àqueles que se opunham ao regime. José Deodato Galdino, administrador da
Fazenda Milham, também foi vítima da repressão.
O relato de
sua viúva revela que, em abril de 1964, a cidade de Guarabira foi tomada por um
clima de terror. O comércio foi paralisado e diversas prisões foram efetuadas,
incluindo a de José Deodato. Os presos foram levados para a Delegacia de Sapé,
onde foram submetidos a interrogatórios e torturas.
A
perseguição não se limitava aos militantes políticos. Familiares e amigos
também eram alvos da repressão, como forma de pressionar e intimidar os
opositores do regime. A viúva de Ulisses relata que sua casa foi invadida
diversas vezes por "pesquisadores" que buscavam provas do
envolvimento de seu marido com o Partido Comunista.
A pressão
psicológica era uma arma poderosa da ditadura. A constante vigilância, as
ameaças e a incerteza sobre o paradeiro dos presos geravam um clima de terror
que se estendia a toda a comunidade. A viúva de Ulisses descreve o sofrimento
de seus filhos, que foram privados da presença do pai e tiveram suas vidas drasticamente
alteradas.
A luta pela
memória e justiça:
As
histórias de Ulisses de Menezes Freitas e José Deodato Galdino são exemplos da
brutalidade da ditadura militar. Seus relatos, assim como os de milhares de
outras vítimas, clamam por justiça e reparação. É preciso que a sociedade
brasileira conheça a fundo esse período sombrio da nossa história para que os
erros do passado não se repitam.
A Comissão
Nacional da Verdade, criada em 2012, teve um papel fundamental na investigação
das violações de direitos humanos ocorridas durante a ditadura. Seus relatórios
e documentos ajudaram a trazer à tona a verdade sobre os crimes do regime
militar.
No entanto,
a luta pela memória e justiça ainda não acabou. É preciso que o Estado
brasileiro continue investigando e punindo os responsáveis pelas torturas,
mortes e desaparecimentos ocorridos durante a ditadura. Bem como revisar possíveis
honrarias e homenagens de criminosos estatais da época. É preciso que as novas
gerações conheçam a fundo esse período sórdido da nossa história para que a
democracia seja sempre defendida e preservada sobre toda e quaisquer situação.
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