quarta-feira, 22 de junho de 2016

Poema de Abelardo Lopes Monteiro de Souza

. e a seca ardendo...
.....e o sol a pino
.....e o povo indo embora
.....e todos com medo da seca dos setenta.
.....e em 77 seria muito pior
.....e já se ouvia invasão de lojas de comida
.....e o povo tinha medo que faltasse comida
.....e era seca, e era sol e era fome 
.....e era pobreza, e era seca, e o povo perdendo tudo
.....e o sol a pino, e o começo era só cigarra e depois era cigarra boi,
.....e mais um ano se finava
.....apareceu a barra do ano? não!
.....e o silêncio imperava e as mosca aumentava e o gado morria
.....e todo dia cachorro chegava em casa fedendo a carniça
.....e era o sol, era o balaio, e a cacimba com água barrenta
.....e secou tudo. até a várzea secou. só sobrou o velame.
.....mas o velame o gado não come
.....vai, corta o velame, não adianta velame nasce de nove
.....velame tem que arrancar.
e o sol

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